parto de palavras

rosane coelho

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AOS QUE NOS FIZERAM MÃES


          O jeito que arrumou a sociedade capitali$ta, de con$umo, para homenagear as mães: no segundo domingo de maio essas criaturas são alçadas à condição de santas e reverenciadas em profanos altares, onde se depositam oferendas que vão do cartãozinho confeccionado na escola à televisão de LCD de trocentas polegadas. E quem são os adoradores? Eles: OS FILHOS.

          Pois eu sou contra! Sou mãe e sou contra. Ou sou contra porque sou mãe. No segundo domingo de maio, mais que nos outros dias, homenageio MINHAS FILHAS: elas que me proporcionaram a inenarrável felicidade de gestá-las, pari-las e educá-las. Elas que me fizeram mãe.

          Maravilha sair do laboratório com o resultado do teste de gravidez na mão: POSITIVO. Nesse momento já se começa a perceber o diferencial: carregamos um rei na barriga (no meu caso, uma rainha). É uma vida dentro da outra. Uma vida pulsando, mexendo, chutando, se alimentando de nós. É fantástico! Privilégio de fêmea.

          Todo esse estado de "suspensão da realidade", de "diferenciação do resto da humanidade" e de "indiferença às pequenas catástrofes rotineiras" é coroado pelo ritual do parto. O ato de parir é orgásmico (criei agora). Indescritível.

          Já do lado de fora, ao primeiro contato físico, começa o fortalecimento e a perenização do vínculo: o estabelecimento da cumplicidade.

          Por tudo isso e muito mais que eu não conseguiria expressar, dedico um caminhão de afeto aos FILHOS. Em especial a Anna Carolina e Annaclara Clareanna, que me fizeram MÃE.

Maio/2006
                   

Foto: Annaclara e Anna Carolina
Rosane Coelho
Enviado por Rosane Coelho em 11/05/2008


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