04/08/2006 18h27
DO POVO BUSCAMOS A FORÇA
Não basta que seja pura e justa
a nossa causa. É necessário que a pureza e a justiça existam dentro de nós. Dos que vieram e conosco se aliaram muitos traziam sobras no olhar intenções estranhas. Para alguns deles a razão da luta era só ódio: um ódio antigo centrado e surdo como uma lança. Para alguns outros era uma bolsa bolsa vazia (queriam enchê-la) queriam enchê-la com coisas sujas inconfessáveis. Outros viemos. Lutar pra nós é ver aquilo que o Povo quer realizado. É ter a terra onde nascemos. É sermos livres pra trabalhar. É ter pra nós o que criamos Lutar pra nós é um destino - é uma ponte entre a descrença e a certeza do mundo novo. Na mesma barca nos encontramos. Todos concordam - vamos lutar. Lutar pra quê? Pra dar vazão ao ódio antigo? ou pra ganharmos a liberdade e ter pra nós o que criamos? Na mesma barca nos encontramos. Quem há-de ser o timoneiro? Ah! as tramas que eles teceram... Ah! as lutas que aí travamos... Mantivemo-nos firmes: no povo buscáramos a força e a razão Inexoravelmente como uma onda que ninguém trava vencemos. O Povo tomou a direção da barca. Mas a lição lá está, foi aprendida: Não basta que seja pura e justa a nossa causa. É necessário que a pureza e a justiça existam dentro de nós. (Agostinho Neto, em Poemas de Angola) Respeito, admiração e solidariedade ao povo cubano e a Fidel Castro: grande resistência socialista mundial. Publicado por Rosane Coelho em 04/08/2006 às 18h27
03/08/2006 16h12
PAIS & FILHOS
(Lya Luft)
Aqui não cabe a poesia. Aqui ficam à mostra as tripas da angústia secular. Aqui fala-se de desencontro e impossibilidade, de onipotência e utopia. Aqui se cantam as verdadeiras feridas do amor. Todos os filhos de todos os pais do mundo estão nas trincheiras cotidianas, mas temos os braços amputados, e não podemos apertá-los ao peito como quando eram pequenos e tínhamos a ilusão de que eram nossos. * Do Baú da Nédier * Parece que hoje pra mim é Dia de Filho... Postei o "Poeminha de Mãe pra Filho" e agora, aqui no Diário, esse Pais & Filhos, com a foto das Annas. Desde ontem estou ruminando esse amor de mãe: sentimento universal. Mãe é mesmo um ser diferente, pelo menos com relação às crias. Gestar, parir, educar e fortalecer suas asas. Ah! As asas dos filhos! Não devem ser asas de ir, de abandonar... Filhos devem ser criaturas aladas, mas com raízes... Tem-se que encontrar o meio termo, o ponto: não pode desandar. Longe de mim querer ser gaiola de filho. Tudo que desejo é ser ninho: ACOLHER! Sempre! Incondicionalmente! Publicado por Rosane Coelho em 03/08/2006 às 16h12
02/08/2006 18h43
FAZER UM CÉU
(Mário Lago)
Fazer o céu, com pouco a gente faz Basta uma estrela Uma estrela e nada mais Pra ter nas mãos o mundo Basta uma ilusão Um grão de areia É o mundo em nossa mão Sonhar é dar à vida nova cor Dar gosto bom às lágrimas de dor O sol pode apagar, o mar perder a voz Mas nunca morre um sonho bom dentro de nós. * Texto do Baú da Lênia e Imagem do Baú da Nédier * A imagem é do Jardim de Infância Municipal Antonio Vieira da Rocha, no Morro do Estado, em Niterói, onde trabalhei por 10 anos. Essa experiência é das mais ricas na minha vida. É o sonho bom que nunca morre dentro de mim: a comunhão fraterna, a troca enriquecedora de vivências, a visão antropológica da realidade, a socialização do saber, a divisão igualitária dos bens materiais. A conquista de espaços de luta para a concretização de todos esses sonhos. É a minha bússola. Publicado por Rosane Coelho em 02/08/2006 às 18h43
01/08/2006 18h42
BILHETE
(Mário Quintana)
Se tu me amas, ama-me baixinho. Não o grites de cima dos telhados, deixa em paz os passarinhos. Deixa em paz a mim! Se me queres, enfim, ...tem de ser bem devagarinho, ...amada, ...que a vida é breve, ...e o amor ...mais breve ainda. Tela: Fernando Pietro - Recuerdos Esse poema e essa imagem foram enviados, também, pela Nédier, lá de Curitiba, em comemoração ao centenário de Mário Quintana. É tudo muito bonito: o poema, a imagem, o Mário Quintana e a amizade da Nédier. Hoje não deixo nenhum comentário. Só o registro da mais perfeita combinação de imagem e texto que já recebi e reparto com muita alegria... Publicado por Rosane Coelho em 01/08/2006 às 18h42
31/07/2006 17h07
EXAUSTO
(Adélia Prado)
Eu quero uma licença de dormir, perdão pra descansar horas a fio, sem ao menos sonhar a leve palha de um pequeno sonho. Quero o que antes da vida foi o sono profundo das espécies, a graça de um estado. Semente. Muito mais que raízes. (do Baú da Nédier) Quero o não ser, pra ser tudo de novo: igual ou diferente. Quero a oportunidade de dizer: agora apaga tudo, esquece, vamos começar de novo! A vida não tem replay. Nem ensaio... É tudo ao vivo e a cores, ou em preto e branco mesmo... De novo, igualzinho, não dá pra ser. Depois da eclosão, o ovo não mais contém a vida... Publicado por Rosane Coelho em 31/07/2006 às 17h07
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