parto de palavras

rosane coelho

Meu Diário
14/10/2006 16h55
QUEM MORRE?
(esse texto circula na internet, atribuído, equivocadamente, a Pablo Neruda)

Morre lentamente quem se transforma em escravo do hábito, repetindo todos os dias os mesmos trajetos; quem não muda de marca, não se arrisca a vestir uma nova cor ou não conversa com quem não conhece.
Morre lentamente quem faz da televisão o seu guru.
Morre lentamente quem evita uma paixão, quem prefere o negro sobre o branco e os pontos sobre os "is" em detrimento de um redemoinho de emoções, justamente as que resgatam o brilho dos olhos, sorrisos dos bocejos, corações aos tropeços e sentimentos.
Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz com o seu trabalho, quem não arrisca o certo pelo incerto para ir atrás de um sonho, quem não se permite, pelo menos uma vez na vida, fugir dos conselhos sensatos.
Morre lentamente quem não viaja, quem não lê, quem não ouve música, quem não encontra graça em si mesmo.
Morre lentamente quem destrói o seu amor-próprio,
quem não se deixa ajudar.
Morre lentamente, quem passa os dias queixando-se da sua má sorte ou da chuva incessante.
Morre lentamente, quem abandona um projeto antes de iniciá-lo, não pergunta sobre um assunto que desconhece ou não responde quando lhe indagam sobre algo que sabe.

Evitemos a morte em doses suaves, recordando sempre que estar vivo exige um esforço muito maior que o simples fato de respirar. Somente a perseverança fará com que conquistemos um estágio esplêndido de felicidade.

* enviado por lênia luz *


Morro eu, engolida por esse oceano de mesmice, onde flutuo agarrada à tábua de conservação de dores primitivas. Não afundo, mas também não me arrisco a enfrentar o mar em largas braçadas que, quem sabe, me levarão à praia...
Morro eu nos lugares de todo dia, onde encontro as mesmas aparentes pessoas que não amo, mas também não odeio. Não fedem nem cheiram. Não surpreendem minha indiferença.
Morro uma morte cinzenta, sem amor que me chore ou desamor que me pragueje.
Morro sem sentir e sem que me sintam morrer.
Morro a cada desejo reprimido, a cada paixão recalcada.
Morro uma morte segura, sem riscos.
Morro uma morte homeopática: lenta e sem efeitos colaterais.

Publicado por Rosane Coelho em 14/10/2006 às 16h55

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